Grupos parlamentares sensíveis a risco de fim de fábricas de tomate

Os grupos parlamentares do PS, PSD, CDS/PP, PCP e Bloco de Esquerda “mostraram-se sensíveis” às preocupações dos industriais de tomate com as alterações nos apoios comunitários à produção, que iriam pôr em risco a sobrevivência do sector.

Um comunicado da Associação dos Industriais de Tomate (AIT) hoje divulgado refere que os seus representantes foram recebidos pelos grupos parlamentares daqueles partidos políticos e todos “se mostraram sensíveis ao problema colocado pela proposta de reforma da Organização Comum de Mercado (OCM) do sector horto-frutícola”.

A proposta defende o desligamento total dos apoios relativamente à produção, ou seja, os agricultores passam a receber subsídios sem necessitar produzir, sendo o montante definido com base no seu histórico e no cumprimento de algumas medidas de cuidado com a terra.

A AIT afirma que, com esta possibilidade, os produtores vão optar por não produzir e a continuidade desta agro-indústria portuguesa está em risco.

A maior parte da matéria-prima utilizada provém de Portugal e, sendo o tomate um produto que rapidamente se deteriora, os industriais afastam a alternativa de comprar ao mercado externo.

Por outro lado, o preço do tomate iria subir, com o novo sistema de desligamento das ajudas, acrescentam. Um estudo da consultora Deloitte confirma as expectativas negativas da indústria de transformação de tomate, que receia a extinção das 11 fábricas existentes em Portugal.

Para a AIT, “as conclusões são assustadoras” pois “trata-se da extinção da indústria do tomate”, um risco para o qual a associação tem vindo a chamar a atenção, tanto em público, como junto do ministro da Agricultura e de responsáveis da Comissão Europeia.

A concretização do desligamento, total ou parcial, dos apoios relativamente à produção iria traduzir-se “na eliminação de cerca de 635 postos de trabalho directos e de 4.500 indirectos e na redução de 53 por cento das exportações”, defende a Deloitte.

Esta indústria é uma das mais competitivas em Portugal, com facturação anual de 140 milhões de euros, exportando 93 por cento da sua produção.

Segundo o comunicado, todos os partidos se mostraram preocupados com o cenário negativo apresentado e defenderam a necessidade de uma tomada de posição nacional.

Para os partidos, é necessária uma posição que, em sede comunitária, possa alterar o rumo da proposta e encontrar um consenso que permita ainda a manutenção dos actuais níveis de competitividade desta indústria. A última audiência junto da AIT junto dos partidos parlamentares acerca deste assunto será com “Os Verdes”, na terça-feira.

A AIT refere ainda esperar agora que o ministro da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas reafirme a defesa da indústria de transformação de tomate junto das instâncias europeias, no sentido de negociar a alteração da proposta da Comissária Europeia para a Agricultura, Mariann Fischer Boel.

Fonte: Lusa

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