Gripe das Aves: Gaivota Morta Lança Confusão e Curiosidade em Almada

Bombeiros, polícias e uma brigada de “Intervenção Química”, com homens de fatos, máscaras e luvas brancas, “invadiram” ontem uma rua de Almada, aguçando a curiosidade dos moradores, que acabaram por descobrir tratar-se apenas de uma gaivota morta.

Mais um eventual caso de gripe das aves provocou ontem alguma confusão na Avenida Lourenço Pires Távora, em Almada, onde foi encontrada uma ave morta que levou um popular a alertar a Protecção Civil de Setúbal.

Um episódio que fez lembrar “um filme de ficção à portuguesa”, segundo relatos de um morador, que assistiu ao desenrolar dos acontecimentos da janela da sua casa.

Até agora todos os testes efectuados responderam negativamente à presença do vírus H5N1 e, segundo o Comandante dos Bombeiros de Almada, Portugal “ainda se encontra num nível de protecção baixo, apesar de os casos se estarem a aproximar do país”.

Pela terceira vez desde o início do ano, os bombeiros de Almada foram chamados a intervir, desta vez a pedido da Protecção Civil de Setúbal, contou à agência Lusa o comandante Luís Barros.

Pouco depois de a equipa de bombeiros de Almada ter chegado ao local foi a vez de a polícia aparecer e vedar a zona com as conhecidas faixas azuis, mas sem grande convicção de se tratar de um caso de H5N1.

“Os bombeiros pediram o nosso auxílio para isolar a área, mas não há quaisquer suspeitas de que se trate de gripe das aves, nem nada parecido”, afirmou o oficial de dia da PSP de Almada.

A presença dos carros de bombeiros e da polícia chamou a atenção dos moradores que, da janela, foram assistindo ao desenrolar dos acontecimentos.

“Eu cheguei à janela e vi aquele aparato todo. Primeiro pensei que fosse uma bomba, porque daqui de cima só se via um carro dentro do perímetro isolado e não se via nenhum animal morto, mas depois percebi que era por causa da gripe das aves”, contou um dos muitos residentes do bairro.

Para aquele morador, tudo o que se passou depois de vedada a zona parecia “digno de um filme de ficção à portuguesa”.

“Chegou uma carrinha vermelha que dizia ‘Intervenção Química’ e saíram de lá dois homens todos vestidos de branco com capacetes e luvas e uns sacos vermelhos que usaram para agarrar na gaivota e colocá-la na parte de trás da carrinha”, recordou.

A actuação da equipa de “Intervenção Química”, pertencente ao corpo de bombeiros de Cacilhas, estava a impressionar os moradores até ao momento em que descobriram que o pulverizador para desinfectar a área não estava a funcionar.

“Parecia uma coisa em grande, mas quando foram desinfectar a zona as coisas correram pior. O aparelho, que parecia um pulverizador das vindimas, não funcionava e, depois de várias tentativas, os homens acabaram por abrir o recipiente do líquido e despejá-lo para o chão”, lembrou um residente, temendo pela saúde dos animais e crianças que passem junto da zona.

No entanto, o comandante dos Bombeiros de Almada garantiu à agência Lusa que não há qualquer perigo para a saúde pública porque o liquido usado para desinfectar as zonas é apenas lixívia.

Questionado pela agência Lusa sobre o facto de terem sido os bombeiros da Trafaria a proceder à recolha e desinfestação e não os de Almada, Luís Barros explicou que Almada “ainda não tem equipamento de protecção individual, apenas os bombeiros de Cacilhas e da Trafaria estão preparados para fazer as recolhas naquela zona”.

Segundo este responsável, esta é a terceira intervenção em Almada e a 17ª recolha efectuada no concelho, sendo que em nenhum dos casos foi detectado H5N1.

De acordo com um site do Ministério da Agricultura, todos os testes efectuados no país até à passada sexta-feira pelo Laboratório Nacional de Investigação Veterinária (LNIV) responderam negativamente à presença do vírus da Gripe Aviária – H5N1.

Desde 15 de Fevereiro, o LNIV recebeu milhares de aves (algumas delas ainda vivas), tendo já sido efectuadas 325 amostras para exame virológico e cerca de 123 soros para exames serológicos.

“Eu imagino que a gaivota tenha morrido por causas naturais, mas estou convencido que os velhotes aqui do bairro não vão comer frangos nos próximos dias”, ironizou o morador que assistiu a tudo da janela de sua casa acompanhado pelo filho.

A agência Lusa contactou a Linha do Centro Nacional da Gripe Aviária para saber quantas chamadas recebeu nas últimas semanas, mas não obteve qualquer resposta, tendo a funcionária dito apenas que “os telefones não param de tocar”.

Fonte: Lusa

Veja também

Consumo de café aumenta resposta ao tratamento da hepatite C

Os pacientes com hepatite C avançada e com doença hepática crónica que receberam interferão peguilado …