Gripe das Aves: Estudos Revelam Vulnerabilidade Humana perante a Doença

A variabilidade e resistência do vírus da gripe das aves podem ser grandes obstáculos na luta contra uma eventual pandemia causada pela sua mutação e propagação entre humanos, indicam estudos publicados pela revista Science.

Segundo Derek Smith, do Departamento de Zoologia da Universidade de Cambridge (Reino Unido), é provável que, dada a sua variabilidade, o vírus causador de uma pandemia seja diferente dos detectados até agora em aves silvestres e de capoeira, e, ocasionalmente, em seres humanos.

Este investigador sublinha que o vírus tem uma capacidade aparentemente infinita de mudar, atravessar barreiras de espécies e adaptar-se a novos hospedeiros.

A gripe aviária apareceu no sudeste asiático em 2003 e até agora causou a morte a mais de uma centena de pessoas, a maioria das quais após contactos com aves selvagens ou de criação.

Com 194 casos confirmados até hoje de gripe das aves em seres humanos, as autoridades da Organização Mundial de Saúde (OMS) e os especialistas consideram inevitável uma pandemia.

Ao adaptar-se aos seres humanos, prevê Smith, o vírus deverá, por definição, propagar-se entre as pessoas e mostrar diferenças em relação a outras estirpes aviares, sendo possivelmente menos patológico.

“A adaptação ao ser humano poderia resultar de uma mutação ou da combinação de mutação e adaptação a outro vírus humano”, assinalou.

O outro problema da gripe das aves é a resistência que o vírus poderá assumir em relação aos agentes antivirais utilizados como primeira linha de defesa contra a pandemia, advertem Roland Regoes e Sebastian Bonhoffer, do Instituto de Biologia Integral de Zurique (Suíça).

Até agora, os dois fármacos utilizados como antivirais são os inibidores das neuraminidases Tamiflu e Relenza, que bloqueiam a libertação do vírus nas células infectadas.

Tendo em conta os consideráveis desafios ao desenvolvimento rápido de uma vacina eficaz contra a gripe das aves, os agentes antivirais desempenharão uma importante função como primeira linha de defesa no caso de uma pandemia, segundo afirmam Regoes e Bonhoffer no estudo.

Advertem no entanto que o uso de fármacos em grande escala tornará necessária uma cuidadosa selecção perante a evolução de estirpes resistentes.

“A transmissão dessas estirpes poderia limitar de forma substancial a eficácia dos medicamentos”, afirmam.

Noutro estudo publicado pela Science, cientistas do Departamento de Virulogia do Centro Médico Erasmus (Holanda) e do Centro de Dinâmica de Doenças Infecciosas da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos), afirmam que na luta contra a gripe das aves será necessário compreender como e porquê alguns agentes patogénicos adquirem a capacidade de cruzar a barreira das espécies.

Fonte: Lusa

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