Uma equipa do recinto zoológico Badoca Safari Park (Santiago do Cacém) está a desenvolver um estudo mundial sobre o comportamento das aves quando expostas à vacina contra o vírus influenza aviário, foi anunciado esta quinta-feira.
Jorge Soares, director dos serviços médico-veterinários do parque temático, explicou hoje à Agência Lusa que o estudo incide sobre seis espécies em exibição no Badoca para garantir que as aves estão protegidas e quando expostas ao vírus não desenvolvem a doença.
Nandus, íbis, cegonhas de bico amarelo, marabus, flamingos e avestruzes, num total de 73 animais, estão a ser objecto do estudo, iniciado em Dezembro passado, altura em que se iniciou a vacinação das aves, e cuja primeira versão deverá estar concluída em Abril.
Segundo Jorge Soares, o estudo partiu precisamente das orientações dadas pela Direcção-Geral de Veterinária (DGV) de vacinar as aves expostas.
«Vacinámos os animais em Dezembro, mas decidimos não nos limitar ao que todos fazem e vamos, desta forma, tentar contribuir para enriquecer os conhecimentos da comunidade científica nacional e internacional», explicou.
Segundo os responsáveis do parque, o vírus utilizado na vacina é um «vírus morto», incapaz de causar a morte dos animais e de infectar seres humanos, razão pela qual não foram impostas restrições ao isolamento destas espécies que, durante a fase de tratamento, permanecem no seu habitat natural e em contacto com os restantes animais do parque.
O estudo consiste na recolha de sangue semanal e o posterior envio para a Faculdade de Medicina Veterinária de Lisboa e para o Laboratório Nacional de Investigação Veterinária, ambos encarregues de realizar os testes.
«Todas as semanas recolhemos sangue para saber quando se inicia o processo da sero-conversão, ou seja quando começam a aparecer os anti-corpos contra o agente vacinal e qual a sua duração. A reacção pode ser diferente em cada ave», explicou o médico veterinário.
Com a realização do estudo, o Badoca pretende obter respostas acerca do comportamento de cada animal e perceber como é que estes reagem em termos de produção de anti-corpos, de forma a optimizar o programa vacinal.
Segundo Jorge Soares, o estudo distingue-se dos demais ou de um regular plano de vacinação pela frequência com que as operações são realizadas e pela quantidade de animais em estudo.
«Os estudos que têm sido feitos visam a vacinação e análise de apenas 10% do efectivo animal, de mês a mês. O nosso estudo, único no país e no mundo permite recolher estes dados todas as semanas, em todos os animais, já que as reacções podem variar», esclareceu.
As primeiras conclusões do estudo poderão ser avaliadas a partir de meados de Abril.
De acordo com Jorge Soares, esse prazo é meramente indicativo, já que o estudo pode prolongar-se por muito mais tempo, dependendo da reacção dos animais.
O parque temático localiza-se nas proximidades da Lagoa de Santo André, numa das 19 zonas definidas como de «risco» pelo Instituto de Conservação da Natureza devido à grande densidade de aves migratórias.
Fonte: Diário Digital