Genoma da soja descodificado

Sequenciação pode ajudar a melhorar a produção, tornando grãos imunes a doenças ou de mais fácil digestão.

Pode parecer um simples grão, mas a soja é uma das principais fontes globais de proteínas e óleo, sendo usada tanto na alimentação humana como na animal, e podendo ainda ser transformada em biocombustível. Os segredos deste legume foram agora desvendados por uma equipa de 18 organizações públicas e privadas norte–americanas, que acaba de se- quenciar o seu genoma. Um trabalho que pode ajudar a melhorar a produção em todo o mundo.

“Com o conhecimento do genoma, aproximamo-nos da compreensão da capacidade da planta de transformar dióxido de carbono, água, luz solar e nitrogénio básico e minerais em energia concentrada, proteínas e nutrientes para uso humano e animal”, lê-se nas conclusões do estudo, publicado na revista Nature.

“A sequenciação do genoma abre a porta a melhorias nas colheitas que são necessárias para uma produção sustentável de alimentos humanos e animais, produção de energia e balanço ambiental na agricultura em todo o mundo”, refere ainda.

Este é o culminar de mais de 15 anos de investigação, durante os quais foi usada uma técnica conhecida como “whole-genome shotgun” para sequenciar 85% dos 1100 milhões de pares de nucleótidos que formam o ADN da soja. As conclusões podem agora servir como referência para a análise genética de mais de 20 mil espécies de legumes.

Além disso, usando os marcadores genéticos, os produtores podem rapidamente determinar a qualidade da cultura, sem ser necessário que amadureçam. Tal, dizem os investigadores, poupará tempo, dinheiro e recursos. “Mapeamos os locais de cerca de 90 características que afectam o crescimento e o desenvolvimento da soja, o rendimento das sementes, o óleo e proteínas das sementes, a resistência às doenças, só para dizer algumas”, afirmou o geneticista Randy Shoemaker, do Departamento de Agricultura dos EUA.

Segundo os cientistas, a sequenciação do genoma pode ajudar algumas investigações já em curso, como o desenvolvimento de um grão resistente à “ferrugem asiática” (que provoca perdas de produção entre os 10 e os 80%) ou de uma mutação que possa tornar mais fácil a digestão da soja (produzindo níveis mais baixos de um hidrato de carbono chamado estaciose). Poderá ainda desenvolver–se um grão com maiores níveis de produção da enzima fitase, que facilitaria a absorção do fósforo por parte do gado. Desta forma, seria expelido menos através das fezes e existiria uma diminuição do potencial de contaminação de água.

Quanto ao uso da soja como biocombustível, os cientistas já identificaram os genes-chave. “Estes são os tijolos da quantidade de óleo da soja e representam alvos que podem ser modificados para aumentar a sua produção e levar a um aumento do uso do óleo de soja para a produção de biocombustível”, indicou outro dos autores do estudo, Gary Stacey.

Fonte: Diário de Notícias

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