G8 discute agricultura e receia alastramento da fome no mundo

Os ministros da Agricultura do G8 reuniram para discutir a crise alimentar, realçando a sua importância política, embora o encontro não tenha gerado soluções concretas para o combate à fome no mundo. Na sua declaração final, Estados Unidos, Rússia, Alemanha, Japão, França, Canadá, Grã-Bretanha e Itália reconheceram que o objectivo de diminuir para metade o número de desnutridos até 2015, contido na Declaração do Milénio, está «muito longe» de ser atingido.

Segundo a agência da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o número de pessoas desnutridas aproxima-se de um bilião. Uma situação que a crise económica poderá agravar ainda mais, fragilizando os países em desenvolvimento e levando a uma diminuição dos investimentos.

Os ministros indicaram que é preciso fazer muito mais para aumentar a quantidade da produção agrícola com o objectivo de alimentar o planeta e sublinharam a importância do aumento dos investimentos públicos e privados na agricultura, mas sem objectivos precisos.

Relativamente à questão da especulação, uma das causas do grande aumento dos preços que desencadeou protestos em diversos países no ano passado, e tema-chave para a França e a Itália, a declaração permaneceu vaga.

«Deveria haver uma vigilância e uma análise suplementar dos factores que afectam potencialmente a volatilidade dos preços nos mercados de matérias-primas, incluindo a especulação», declararam os ministros.

Os ministros também pediram às instituições internacionais que «examinem a possibilidade de um sistema de reserva» de géneros alimentícios, como meio de enfrentar uma «urgência humanitária» ou de «limitar a volatilidade dos preços».

Apesar do compromisso, algumas delegações, como os Estados Unidos, vêem com maus olhos um excesso de regulação.

A declaração deste primeiro G8 da Agricultura, realizado a pedido dos chefes de Estado e de Governo do G8, será submetida ao grupo para que seja abordada na cúpula de Julho na Sardenha.

Esta reunião parece ter tido, em primeiro lugar, uma importância política por abrir um novo espaço para uma concertação em torno da agricultura.

«Estamos realmente muito satisfeitos com a declaração», indicaram membros da delegação francesa. «Não são as palavras que são importantes, e sim a própria realização da reunião».

A declaração final não foi ampliada aos países do G5 (Brasil, China, Índia, México e África do Sul), limitando-se à Argentina, Austrália e Egipto, que participaram dos debates.

O director-geral da FAO, Jacques Diouf, que havia pedido «acções concretas», declarou-se «satisfeito pelo facto de termos conseguido reunir tanto altos funcionários da agricultura mundial (…) para atrair a atenção internacional para mostrar que não deixamos a crise alimentar».

Fonte: CAP

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