Aquilo que os indicadores avançam, os empresários confirmam: os portugueses estão com dificuldades até para comprar alimentos. Os cortes no consumo já não se notam apenas nos bens duradouros, pelo contrário, alastram cada vez mais aos bens correntes e mais essenciais. E ainda não chegaram as medidas de austeridade impostas por Bruxelas e pelo FMI.
De acordo com os dados publicados ontem pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o indicador de consumo corrente avançou 1%, em termos homólogos, em Fevereiro. No ano passado, nunca cresceu a um ritmo inferior a 1,5%, e porque começou a abrandar no último trimestre, uma vez que em Outubro o indicador ainda registava uma evolução de 2,3% – valor que foi, aliás, a média de crescimento deste indicador em 2010.
Seja porque os produtores e comerciantes aumentam os preços, seja porque o rendimento disponível é mais baixo, a verdade é que “as escolhas de consumo estão já a ser feitas”, avança Filipe Garcia, economista da IMF – Informação de Mercados Financeiros. “Os anos de 2009 e 2010 foram, em média e para quem manteve o emprego, de aumento do rendimento disponível. Agora as famílias deparam-se com um cenário mais comprometedor”, frisa. As vendas de produtos de marca própria, uma solução mais barata, estão a aumentar.
Fonte: Anil