EUA dá luz verde ao consumo de alimentos de animais clonados

A Agência norte-americana de regulamentação dos produtos alimentares e do medicamento (FDA) deu ontem luz verde à comercialização de produtos provenientes de animais clonados apesar das fortes reticências dos consumidores, de algumas indústrias e do Congresso.

«A carne e os lacticínios provenientes de bovinos, de porcos e de cabras clonados são tão seguros como os dos alimentos que consumimos todos os dias», garantiu em conferência de imprensa Stepehn Sundlof, responsável pela segurança dos alimentos na FDA, salientando, todavia, que «não há ainda dados suficientes para concluir que a carne e o leite de ovinos são seguros para o consumo».

A AESA, homóloga europeia da FDA, acaba de divulgar conclusões preliminares que vão no mesmo sentido.

A decisão da FDA ocorre depois de anos de estudos pormenorizados e de análises, sublinha a agência norte-americana, que já tinha divulgado em 2003 e 2006 as suas conclusões preliminares, segundo as quais os produtos saídos de animais clonados e da sua descendência não comportam mais riscos para o consumo humano do que os que provêm de animais convencionais.

O subsecretário norte-americano para a Agricultura disse também que «encorajava as empresas a manterem a sua moratória à venda de lacticínios e carnes de animais clonados durante um período de transição para que o mercado se adapte», mas sem precisar a duração.

A FDA deixará de exigir que os produtores indiquem na rotulagem se os seus produtos provêm de animais clonados mas estes podem fazê-lo voluntariamente.

O número de sociedades que recorre a esta técnica é ainda muito limitado nos Estados Unidos e será preciso pelo menos cinco anos para que os consumidores comprem os produtos de animais clonados nos supermercados, segundo os peritos.

As duas principais firmas norte-americanas de clonagem Viagen et Trans Ova Genetics, produziram 570 animais clonados, a maioria bovinos.

«A clonagem do gado pode ajudar eficazmente os criadores a produzir o que os consumidores querem, a saber, um alimento nutritivo, abundante, seguro e de alta qualidade », declarou ontem o presidente da Biotechnoly Industry Organization (BIO), depois da decisão da FDA.

Desde o nascimento da ovelha Dolly, primeiro mamífero clonado nascido em 1997 na Grã-Bretanha, que a indústria biotecnológica norte-americana investiu na clonagem para conseguir reproduzir gado dotado das melhores qualidades genéticas.

Mas esta técnica, que consiste em transferir o núcleo de uma célula adulta para uma célula embrionária a fim de produzir uma cópia, é ainda muito nova e dispendiosa.

Este longo prazo da FDA para autorizar estes produtos explica-se pelas reservas dos profissionais como os produtores de produtos lácteos e pela oposição de grupos de consumidores.

«A decisão irreflectida da FDA ignora a vontade do público e do Senado e abre uma caixa de Pandora», declarou Andrew Kimbrell, um responsável do “Center for Food Safety” (Centro para a Segurança Alimentar).

Para a senadora democrata Barbara Mikulski (Maryland, leste), «a FDA agiu com imprudência». «Se descobrirmos um problema sanitário com estes produtos uma vez no mercado, e cuja origem não figura na rotulagem, será impossível retirá-los como se faz com o medicamento», disse.

Ela fez aprovar em Dezembro uma emenda à versão do projecto de lei agrícola (Farm Bill) do Senado que prevê dois estudos prévios antes da luz verde da FDA, uma avaliação do impacto comercial e uma sobre a receptividade do público.

Profissionais como os produtores de lei estão também reticentes, temendo que esta autorização prejudique a imagem dos produtos agrícolas norte-americanos e afecte as exportações.

Fonte: Confragi

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