Domingos podem aumentar facturação em 3%

Analistas de mercado acreditam que as autarquias não vão pôr entraves à abertura aos domingos e feriados das grandes superfícies comerciais. A abertura das lojas com mais de dois mil metros quadros de dimensão aos domingos e feriados vai trazer receitas adicionais aos maiores operadores do sector que, no caso da Sonae, podem chegar aos cem milhões de euros, 3% do negócio do retalho alimentar, estimam os analistas do Santander.
Os benefícios da alteração à lei vão ser mais visíveis para o grupo liderado por Paulo Azevedo, que detém os hipermercados Continente, do que para a Jerónimo Martins.

As lojas de grande formato pesam 50 por cento na facturação do retalho alimentar da Sonae, enquanto na dona do Pingo Doce valem 20 por cento (dados de 2009), refere uma nota da equipa de analistas do banco. Contudo, os impactos da medida, que será discutida na próxima quarta-feira durante a comissão permanente da concertação social, ainda vão ser reduzidos este ano.

O Espírito Santo Equity Research é mais optimista quanto aos lucros acrescidos que a Sonae pode obter com a abertura dos hipermercados sem restrições e diz mesmo que o Continente “pode beneficiar de uma subida de vendas na ordem dos quatro ou cinco por cento” e de um impacto positivo no EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortizações). “Esperamos uma canibalização limitada com as lojas Modelo, já que a sobreposição geográfica é limitada”, refere o banco.

A expectativa no mercado é a de que as câmaras municipais não vão colocar entraves à abertura aos domingos e feriados das grandes superfícies comerciais. Por um lado, porque a decisão de encerrar os hipermercados e lojas de maior dimensão “pode aumentar o desemprego numa altura em que várias regiões de Portugal têm taxas de desemprego muito altas”; por outro, “se algumas autarquias decidirem restringir os horários de abertura, estes estabelecimentos podem ser prejudicados por uma deslocalização [de consumidores] para concelhos vizinhos” onde não há proibição de abertura, refere o BPI.

Nem a Sonae, nem a Auchan (que tem 21 hipermercados Jumbo e dez supermercados Pão de Açúcar) quiseram revelar quais os impactos que o novo decreto-lei terá nas receitas. Fonte de uma grande superfície disse que esta é uma “boa oportunidade de negócio” e terá “um impacto muito positivo no volume de vendas”.

A par do aumento da facturação, as empresas da distribuição moderna – que incluem lojas tão diversas como a Leroy Merlin, IKEA ou Moviflor – prevêem um aumento dos custos com contratação de pessoal. Ontem o secretário de Estado do Comércio, Fernando Serrasqueiro, garantiu que o fim das restrições de horários pode criar mais de dois mil postos de trabalho directos e outros indirectos ainda não quantificáveis, em sectores como a limpeza, segurança ou assistência. A Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição garante que serão oito mil os empregos directos e indirectos.

Para a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal o argumento não é válido: haverá, sim, uma nova gestão de recursos humanos, “com transferência de pessoal de períodos com menor fluxo de clientes para os novos horários de abertura”.

Fonte: Anil

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