Doentes obesos são os que mais esperam por cirurgia

Os doentes obesos são os que mais tempo esperam por uma cirurgia, tempo que ronda os 15 meses, revela o relatório de 2008 do sistema de gestão das listas de espera.

Em termos gerais, os maiores tempos de espera encontram-se na obesidade (14,8 meses) doenças do sistema nervoso central (6,7 meses), doença benigna da mama (6,4), coluna vertebral (6,8) e doença benigna da próstata (5,2), pode ler-se no relatório, hoje divulgado no site do Ministério da Saúde.

As especialidades de Neurocirurgia, Cirurgia Plástica / Dermatologia e Cirurgia Vascular são os grupos de serviços com maior mediana de tempo de espera na lista, sublinha o documento.

Segundo o relatório do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), o número de pessoas que saíram das listas de espera sem chegarem a realizar a cirurgia(expurgo) correspondeu em 2008 a 17,5 por cento das entradas em lista de espera, num total de 96.576 episódios.

A maior parte das saídas deveu-se a desistência (35 por cento), enquanto os erros administrativos dos hospitais representaram 25 por cento. Por morte, a percentagem foi de dois por cento (2.089 casos).

O documento refere um aumento de cinco por cento nas listas de inscritos para cirurgia entre 2007 e 2008 (497.813 para 522.470 doentes). Entre 2006 e 2007 tinha sido de 16,6 por cento.

Mas também o número de operados em unidades públicas aumentou, em 13,5 por cento (375.418 para 426.007) entre 2007 e 2008. Entre 2006 e 2007 tinha sido registada a mesma taxa percentual, com o número de operados a aumentar de 330.685 para 375.418 doentes.

O crescimento do número de operados em hospitais convencionados foi de 6,7 por cento entre 2007 e 2008, quando anteriormente o crescimento tinha sido de 104,7 por cento. Em 2008, havia 54 hospitais convencionados.

A nível do cancro, as neoplasias raras, as da próstata e as da cabeça e pescoço são as que apresentam maior tempo de espera. Os grupos com menor espera são os da mama, do cólon e do recto e do esófago e estômago.

O relatório refere que o número de utentes com cancro “tem-se mantido estável”, apesar de um aumento nas inscrições, de 29,5 por cento em dois anos. “Isto foi conseguido à custa de um crescimento igualmente significativo da actividade (31,4 por cento de aumento de saídas no mesmo período)”.

O expurgo (saída sem cirurgia) nesta área foi de 9,5 por cento (4.223 casos): 28 por cento devido a erros administrativos, 23 por cento por perda de indicação cirúrgica, 21 por cento por desistência, 18 por cento foram operados em cirurgia urgente ou fora do sector público. Em 2008, ocorreram 233 óbitos de utentes inscritos (seis por cento).

A percentagem de casos que ultrapassam o tempo de espera ajustado à prioridade reduziu-se em 37,5 por cento.

No caso dos utentes operados, em média esperam mais tempo nos grupos de serviços de Cirurgia Vascular e Cirurgia Cabeça e Pescoço. Na maioria das especialidades, mais de 20 por cento dos utentes já ultrapassaram o tempo médio de espera, sendo o caso mais grave o de Neurocirurgia com 43 por cento, refere o relatório.

O Centro Hospitalar Lisboa Ocidental e o Hospital Garcia de Orta (Almada) destacam-se por apresentar um tempo de espera mediano da lista de espera “significativo” comparando com os outros hospitais, assim como um peso da lista de espera, que ultrapassa o tempo máximo de espera superior a 38 por cento.

Em relação à produção cirúrgica, estas unidades têm indicadores melhores, destacando-se a média de tempo de espera dos operados em cerca de dois meses e uma baixa percentagem de utentes operados com tempo de espera fora do tempo médio.

O relatório refere, que dos utentes operados no ano passado, 29 por cento estão classificados como prioritários (níveis 2,3,ou 4) e destes 20 por cento foram operados fora do prazo estabelecido para a prioridade. “Nos três últimos anos, o número de casos prioritários operados aumentou progressivamente, nomeadamente em 23 por cento face ao ano 2007”, lê-se no documento.

Fonte: Diário Digital

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