A soma de um medicamento para a hipertensão ao tratamento habitual dos diabéticos pode evitar a morte de 14 mil doentes em cinco anos, segundo a comparação dos números nacionais com os dados de um estudo internacional.
Num estudo apresentado hoje no Congresso Europeu de Cardiologia, em Viena, a administração de um fármaco que controla a pressão arterial em conjunto com a terapêutica habitual pode diminuir em três milhões o número de mortes entre diabéticos num espaço de cinco anos.
O último inquérito nacional de saúde, referente a 2005/06, apontava para uma incidência de 6,5% da doença e contabilizando os casos não diagnosticados, os valores deverão situar-se entre os 900 mil a um milhão de doentes.
Em todo o mundo estão referenciados 246 milhões de diabéticos e estima-se que esse valor aumente 55 pontos percentuais até aos 380 milhões em 2025.
O estudo ADVANCE (Action in Diabetes and Vascular Disease), desenvolvido pelo Instituto George para a Saúde Internacional (Sidney), demonstrou que a utilização sistemática de um medicamento para a hipertensão, constituído pelas substâncias activas perindopril/indapamida, diminui o risco de morte e problemas renais e cardíacos a diabéticos.
Um diabético tipo 2 tem um risco duas vezes superior de ter um ataque cardíaco ou um acidente vascular cerebral do que um não diabético.
O estudo, que envolveu mais de 11 mil diabéticos tipo 2, demonstrou que o risco de mortalidade total ficou reduzido em 14%.
«Como o medicamento foi administrado a pessoas sem hipertensão ou já tratadas (75%) para essa doença percebeu-se que o medicamento também pode proteger o revestimento das paredes dos vasos sanguíneos, evitando a aterosclerose ou o entupimento das veias», observou o cardiologista Espiga de Macedo.
O autor do único estudo em Portugal sobre a prevalência de hipertensão considerou este estudo como mais um elemento para discussão em torno dos ´polipill`, ou seja um único comprimido incluindo vários medicamentos.
Actualmente existe no mercado uma associação de um anti-hipertensor e um medicamento para controlar o colesterol.
«Mas já se discute a inclusão de quatro medicamentos num só, mas essa situação acarreta a administração permanente de vários medicamentos e por isso tem que ser muito ponderado», comentou o responsável da consulta de hipertensão do Hospital de São João, Porto.
Fonte: Diário Digital