Descoberto novo factor de risco genético para obesidade

Uma equipa científica internacional dirigida pela investigadora portuguesa Inês Barroso e dois colegas britânicos descobriu uma segunda variante genética que aumenta o risco de obesidade, tanto em adultos como em crianças, indica um novo estudo.

No ano passado, membros do mesmo grupo de investigação identificaram uma primeira variante genética, localizada no gene FTO, que influencia a probabilidade de uma pessoa ficar obesa.

«Estas descobertas explicam em parte por que razão algumas pessoas têm mais dificuldade do que outras em manter um peso saudável e reforça a noção de que essas diferenças são em parte de origem genética», disse Inês Barroso à agência Lusa.

No entanto, «não podemos culpar os genes pelo aumento da obesidade que se tem vindo a observar nos países desenvolvidos nas últimas décadas», já que, salientou, «a dieta e o exercício físico são fundamentais para manter um peso saudável».

Este estudo, que Inês Barroso dirigiu juntamente com os seus colegas britânicos Mark McCarthy (Universidade de Oxford) e Nicholas Wareham (Hospital Addenbrooke, Cambridge), vem publicado no último número da revista científica Nature Genetics.

A investigação envolveu mais de 90.000 pessoas e identificou a nova variante genética perto de um gene chamado MC4R.

«Pessoas com duas cópias desta variante genética são em média 1,5 kgs mais pesadas do que as que não têm nenhuma», afirmou a cientista portuguesa, que desde 2002 lidera no Wellcome Trust Sanger Institute (Hinxton, Cambridge), um grupo que investiga a componente genética da diabetes de tipo 2 e da obesidade.

E «como esta variante e a do FTO têm efeitos aditivos, pessoas com duas cópias de ambas são em média 3,5 a 4,5 kgs mais pesadas do que as que não têm nenhuma das variantes associadas ao risco de obesidade», explicou.

«Embora esteja por esclarecer o papel exacto que estas variantes genéticas desempenham na obesidade, podemos começar agora a compreender as suas consequências biológicas», afirma a cientista portuguesa. «É aí que esta investigação fará a diferença».

O estudo resultou de um consórcio que envolveu 77 instituições do Reino Unido, EUA, França, Alemanha, Itália, Finlândia e Suécia.

«Trata-se de um grande exemplo de como a cooperação pode levar a novas descobertas que podem escapar quando os investigadores trabalham isoladamente», afirmou Inês Barroso.

«Estudos como este identificam novas pistas biológicas sobre o mecanismo como o nosso corpo controla o nosso apetite de modo a manter um peso saudável», sublinhou a investigadora à Lusa.

Na sua óptica, esta melhor compreensão poderá abrir caminho, a longo prazo, a melhores tratamentos contra a obesidade.

Licenciada em Biologia pela Universidade de Lisboa em 1992, Inês Barroso está há mais de 15 anos no Reino Unido, onde se doutorou em 1996 em Genética Humana pela Universidade de Cambridge (Departamento de Patologia). Depois disso, e antes de ingressar no Instituto Sanger como chefe de grupo de investigação de doenças metabólicas, trabalhou durante seis anos numa empresa de biotecnologia.

A página na Internet (http://www.sanger.ac.uk/Info/Press/2008/080504.shtml) contém informações e clips de video sobre o estudo agora publicado.

Fonte: Diário Digital

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