Culturas OGM superam 100 milhões hectares

As superfícies de cultura de produtos geneticamente modificados ultrapassaram os cem milhões de hectares, de acordo com um relatório que será apresentado hoje em Lisboa e fortemente criticado pela Plataforma Transgénicos Fora do Prato.

De acordo com relatório anual do Serviço Internacional para Aquisição de Utilizações de Agro-Biotecnologias (ISAAA), as superfícies de cultura de produtos geneticamente modificados estão actualmente nos 102 milhões de hectares.

Face a estes números, que resultam de um aumento de 13 por cento em 2006, o ISAAA prevê que, em 2015, existam 200 milhões de hectares cultivados e 20 milhões de agricultores dedicados à plantação destes produtos.

Em 2006, existiam cerca de dez milhões de agricultores no Mundo a cultivar plantas biotecnológicas, 90 por cento dos quais eram pequenos agricultores dotados dos fracos recursos dos países em vias de desenvolvimento.

Na Europa, o maior crescimento deu-se na Eslováquia, que se tornou no sexto país da UE a cultivar plantas biotecnológicas mas a Espanha permanece na liderança, com os 60 mil hectares atingidos em 2006.

O maior crescimento nas culturas de organismos geneticamente modificados (OGM) ocorre nos países em vias de desenvolvimento, onde o aumento foi, em média, de 21 por cento, contra os nove por cento verificados nos países industrializados.

Quanto aos países do Sul, possuem 40 por cento da superfície mundial consagrada às culturas biotecnológicas.

O Brasil vai à frente no crescimento na América do Sul, com um aumento de 22 por cento das superfícies, tendo actualmente 11,5 milhões de hectares de soja e algodão biotecnológicos.

Na Ásia, a liderança cabe à Índia, que detém o recorde de maior crescimento de superfícies, pois aumentou 192 por cento num ano, passando de 2,5 milhões de hectares para 3,8 milhões.

No continente africano, a África do Sul é o caso a assinalar, pois multiplicou quase por três as suas superfícies de culturas de OGM.

Mesmo assim, nenhum país ultrapassa os Estados Unidos que, em 2006, passou a ter mais 4,8 milhões de hectares deste tipo de cultura.

Para a Plataforma Transgénicos Fora do Prato, o documento revela “falta de rigor”, lembrando que o organismo responsável pela sua realização é financiado pelas indústrias de biotecnologia e engenharia genética.

Em comunicado, a Plataforma afirma que “o cenário cor-de-rosa e sem mancha” divulgado no relatório “choca com a realidade e a rejeição demonstrada em todo o Mundo”, face aos Organismos Geneticamente Modificados (OGM).

A Plataforma acrescenta que a ISAAA se esqueceu de referir no relatório os “vários problemas, bloqueios e recusas” existentes, entre os quais “os milhares de zonas livres de transgénicos declarados em todo o Mundo”, a proibição de variedades transgénicas autorizadas por Bruxelas em sete países europeus e a suspensão do cultivo experimental de OGV na Índia.

Além disso, acrescenta, “as estatísticas divulgadas apresentam falta de credibilidade e de rigor”, salientando que vários países desmentiram informações que constavam de relatórios anteriores.

Fonte: Agroportal

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