O consumo da carne de aves caiu 60 por cento em Portugal. Esta quebra brutal, que está a alarmar especialmente os produtores de frangos, deve-se ao medo que os portugueses têm do vírus da gripe das aves. As autoridades veterinárias já anunciaram medidas para acalmar produtores e consumidores e lembram que o vírus não está na Europa e não se transmite pelo consumo da carne.
Fernando Bernardo, subdirector-geral de Veterinária, confirma ao CM o “alarme dos produtores”. A situação é de tal forma grave que “tiveram hoje [ontem] uma reunião urgente com o ministro da Agricultura e pediram que sejam tomadas medidas de imediato para tranquilizar os portugueses porque o consumo caiu 60 por cento.”
O fenómeno da reacção dos portugueses nesta questão alimentar é confirmado por João Machado, da Confederação Nacional dos Agricultores. “Todas as notícias sobre problemas relacionados com a alimentação, em particular com o consumo de aves, têm uma retracção imediata por parte do consumidor.”
De acordo com este representante do sector, a produção de aves é particularmente sensível porque constitui dos “poucos sectores económicos que abastece o mercado nacional e as exportações”. Além disso, sublinha, a quebra do consumo de aves – frango, pato, peru – representa em Portugal 30 a 40 por cento do consumo global de carne. Contudo, ao fim de alguns dias “a situação tende a normalizar”.
Para retomar a confiança dos consumidores e normalizar a situação, os produtores estão já a preparar ALGUMAS MEDIDAS
“A criação de barreiras de segurança é indispensável para evitar uma eventual propagação do vírus e o contágio de infecção entre animais”, aponta o subdirector-geral de Veterinária.
Retirar alimentos (cereais, rações) e bebedouros do fácil acesso às aves migratórias é outra medida a tomar, porque “as aves migratórias terem acesso facilitado aos alimentos é um foco de contágio.”
Para já, Fernando Bernardo explica que as acções adoptadas ainda são “brandas” porque o vírus não está na Europa e não se transmite pelo consumo da carne.
BLOCO DE NOTAS
MEDIDAS
As medidas que os produtores vão tomar são de carácter higieno-sanitário, com reforço da vigilância e certificação sanitária dos ovos ou aves para criação.
AR LIVRE
As explorações ao ar livre próximas de superfícies de água devem evitar que os espaços de criação de aves domésticas sejam frequentados por aves selvagens.
PASSADO
Em 2003 o sector da produção avícola sofreu uma profunda quebra do consumo devido à contaminação dos nitrofuranos. O prejuízo estimou-se em 200 milhões de euros
Fonte: Correio da Manhã