China/Leite contaminado: Imprensa critica falta de «ética social»

A China prometeu reforçar o controlo de qualidade sobre a indústria de lacticínios, enquanto a imprensa endurece as críticas à forma como diferentes autoridades tentaram abafar o escândalo do leite contaminado com melamina.

Pelo menos três crianças morreram e mais de 53 mil foram assistidas em hospitais com problemas renais causados pela melamina, um produto químico tóxico usado por algumas das maiores empresas de lacticínios da China para aumentar artificialmente o valor nutritivo do seu leite.

O caso só foi noticiado na segunda quinzena de Setembro, depois de concluídos os Jogos Olímpicos e Paralimpicos, mas já era do conhecimento das autoridades de Shijiazhuang, capital da vizinha província de Hebei e sede da Sanlu, uma das mais conhecidas empresas do sector.

A Sanlu mentiu durante meses acerca do seu leite em pó contaminado (…) Os líderes da cidade de Shijiazhuang sabiam disso desde o início de Agosto e não disseram nada às autoridades superiores, afirmou a agência noticiosa oficial chinesa.

Três altos funcionários de Shijiazhuang, entre os quais o primeiro secretário do partido comunista e o presidente da câmara, foram entretanto demitidos e o líder da Administração Central do Controle de Qualidade e Supervisão, Li Changjiang, pediu também a demissão.

«Comparado com o trepidante boom económico, o desenvolvimento da ética social é bastante baixo (…) Muitas empresas não poupam esforços para maximizar os lucros à custa do interesse do publico», diz o semanário Beijing Review.

No editorial da sua edição de hoje, a mesma revista defende que «o actual sistema de segurança alimentar deve ser melhorado ou até reinstalado para assegurar que os produtores são efectivamente escrutinados».

«Toda a indústria de lacticínios da China está agora em crise», alerta.

O caso do leite contaminado chinês é o terceiro do género descoberto no último ano e meio, e que envolveu nomeadamente pastas dentífricas e comida para cães «made im China» e exportadas para os Estados Unidos.

«Isto é uma consequência da ideologia orientada pela economia (…) Não tem havido um esforço para dar uma base moral à economia de mercado e este caso é o resultado inevitável», comentou à revista norte-americana Time um professor do Instituto de Tecnologia de Pequim.

Fonte: Diário Digital

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