Alterações climáticas: Dias vão ficar mais quentes, apesar dos episódios de frio

Os dias vão ser mais quentes no futuro, apesar das vagas de frio episódicas, afirma o coordenador do SIAM II, um projecto que traça cenários e impactos para as alterações climáticas em Portugal, que é apresentado segunda-feira.

“É preciso distinguir a média das temperaturas e da precipitação ao longo do ano da variabilidade. A queda de neve também já ocorreu no passado e isso não altera muito as médias”, declarou à agência Lusa Filipe Duarte Santos.

O cientista sublinhou que se mantém a tendência global dos últimos 30 anos para médias de temperatura mais elevadas.

O aquecimento global vai afectar também Portugal, com impactos significativos em vários sectores económicos como comprovaram os investigadores que participaram no projecto SIAM.

Filipe Duarte Santos salientou que se projecta uma maior frequência de secas no futuro, com consequências gravosas para a economia.

“A produtividade da agricultura baixa e os recursos hídricos são afectados, penalizando as populações”, disse.

Os fenómenos climáticos extremos tendem a ser cada vez mais prováveis.

Além das secas, regista-se a tendência para a ocorrência de episódios de precipitação muito intensa, “agravando o risco de cheias e desabamento de terras”, continuou o especialista.

O litoral é uma das zonas que vai ser mais afectada pelas alterações climáticas e pela pressão que resulta da subida do nível da água do mar.

A erosão costeira já afecta 67 por cento do litoral e deverá agravar-se.

Filipe Duarte Santos frisou que as alterações climáticas são um processo lento e que mesmo que os gases com efeito de estufa deixassem agora, miraculosamente, de poluir a atmosfera o mar ia continua a subir.

“O oceano tem uma memória muito longa. A dilatação da camada superficial do oceano vai-se transmitindo de forma muito lenta para as zonas mais profundas e por isso demoraria cerca de 500 anos para deixar de subir.

No último século, o nível das águas do mar subiu 15 centímetros, mas estima-se que até ao fim do século XXI suba cerca de meio metro.

“É preciso fazer uma gestão sustentável da orla costeira”, reclamou o coordenador do SIAM, adiantando que “é muito desaconselhável construir a cotas muito baixas”.

Filipe Duarte Santos considera que é importante que o Governo adopte uma estratégia de adaptação às alterações climáticas para reduzir os seus efeitos adversos, mas lembra que todos os cidadãos devem também dar o seu contributo.

Para o coordenador do SIAM, é fundamental que Portugal reduza a sua dependência dos combustíveis fósseis, para diminuir as emissões dos gases com efeito de estufa.

“A factura do petróleo é brutal”, afirmou, sublinhando que Portugal deve investir mais na energia solar térmica e fotovoltaica.

Actualmente, Portugal que tinha em 1990 o menor nível de emissões “per capita” no conjunto de 15 países da União Europeia, já está acima da Suécia.

As conclusões da segunda fase do projecto SIAM vão ser apresentadas na segunda-feira numa cerimónia que conta com a presença do Presidente da República, Jorge Sampaio, e do Ministro do Ambiente e Ordenamento do Território, Francisco Nunes Correia.

Fonte: Agroportal

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