Alcoolemia: Produtores de vinho do Douro contra redução da taxa para condutores

A União das Adegas Cooperativas da Região Demarcada do Douro (UNIDOURO) lamentou “profundamente” a possibilidade anunciada domingo de o Governo “diminuir consideravelmente” a taxa de álcool no sangue permitida aos condutores.

O presidente da UNIDOURO, José Manuel Santos, considerou “lamentável” que o secretário de Estado da Administração Interna, Ascenso Simões, admita reduzir a taxa de álcool no sangue permitida para a condução, que actualmente é de 0,49 gramas/litro.

A Associação representa cerca de metade da produção de vinho na Região Demarcada do Douro, uma das maiores zonas vinícolas do país.

No domingo, em declarações ao Diário de Notícias, o governante referiu que a taxa de álcool no sangue permitida por lei para a condução vai “diminuir consideravelmente” no final do ano, se o sector vitivinícola não agir para contrariar os números de mortos nas estradas por excesso de ingestão de bebidas alcoólicas.

Ascenso Simões sustentou que o sector vitivinícola deve lançar numa campanha para contrariar os números de mortos na estrada devido a excesso de álcool.

Em comunicado enviado à Agência Lusa, a UNIDOURO considera que Ascenso Simões reduz de “forma grosseira” a questão da “insegurança e da sinistralidade nas estradas ao facto do sector vitivinícola não ter promovido acções de sensibilização aos consumidores portugueses relativamente ao consumo de álcool”.

Para a Associação, com esta medida o governante demonstra “um profundo desconhecimento e uma lamentável falta de respeito pelos vitivinicultores e pela vitivinicultura”.

Isto porque, segundo José Manuel Santos, a ingestão de bebidas brancas, como vodka, gin, whisky ou rum, bem como as substâncias psicotrópicas (medicamentos ansiolíticos e anti-depressivos) afectam “muito mais perigosamente” a capacidade de condução do que o “simples acto de beber vinho com moderação”.

Por isso defende que o Governo, em vez de ameaçar o sector vitivinícola com a descida da taxa de alcoolemia, deveria fazer o “trabalho que lhe compete” como, por exemplo, melhorar a sinalização vertical e horizontal das estradas, modernizar a rede de estradas secundárias, e promover uma contínua campanha de informação e sensibilização dos condutores, com uma rigorosa fiscalização das infracções ao código da estrada.

“Se isto tivesse sido feito, por ventura a sinistralidade das nossas estradas teria sido reduzida e não estaríamos hoje confrontados com ameaças a um sector, que este governo considera prioritário e estratégico para o desenvolvimento da economia do nosso país”, sustenta ainda a UNIDOURO.

Em 2004 morreram ao volante 667 condutores alcoolizados e os dados provisórios de 2005 dizem também que a maioria dos condutores que morreram nas estradas apresentava uma taxa acima de 1,2 gramas por litro, valor a partir do qual é considerado crime e implica a detenção dos automobilistas.

Fonte: Agroportal

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