Água: Distribuidores devem reduzir perdas nos sistemas para 15 por cento

O presidente do Instituto Regulador de Águas e Resíduos (IRAR) defendeu hoje que as perdas de água nos sistemas de abastecimento ao domicílio, que rondam actualmente os 50 por cento, devem baixar para 15.

Jaime Melo Baptista, que falava à agência Lusa à margem de um debate sobre o impacte da seca na distribuição da água, anunciou o lançamento de um guia técnico com conselhos aos operadores sobre como conseguir aquele objectivo.

“É importante que os operadores iniciem processos de avaliação e de combate às perdas nos sistemas com o objectivo, a médio prazo, de as reduzir para 15 por cento”, afirmou Jaime Melo Baptista, estimando que actualmente as perdas rondam 40 a 50 por cento.

Melo Baptista acrescentou que esta medida poderá ainda dar um contributo no combate à seca, embora a distribuição de água ao domicílio represente apenas 10 por cento dos usos, sendo a agricultura e a indústria os principais consumidores.

Quanto ao prazo, terá de ser definido por cada entidade: “os operadores é que vão ter de definir o seu objectivo, porque as condições são diferentes”.

Normalmente, nos sistemas em alta (captação e adução) as perdas são mais reduzidas.

Os maiores desperdícios verificam-se, sobretudo, nos sistemas em baixa (redes de distribuição) sobretudo os que têm redes mais antigas, sublinhou o responsável do IRAR.

O IRAR vai lançar brevemente um guia técnico de controlo de perdas em sistemas de adução e distribuição de água para facilitar a vida aos operadores e está a realizar uma avaliação aos concessionários (empresas municipais e multimunicipais), que deverá estar pronta em Setembro, para ter “uma ideia mais clara dos que operam neste sector”.

Portugal tem mais de 300 entidades gestoras de sistemas de abastecimento de água, entre serviços municipalizados, empresas municipais e concessões municipais e multimunicipais, mas o IRAR só exerce o seu papel regulador junto destas últimas (cerca de meia centena) o que explica também as diferenças de preços nos tarifários que se praticam.

“Estes concessionários não podem definir sozinhos o seu tarifário, têm de o submeter aos concedentes. Os que não são regulados têm uma variação muito superior ao nível dos preços porque têm autonomia municipal”, disse Jaime Melo Baptista.

Além da regulação económica, o IRAR pretende intensificar a sua acção no que respeita à qualidade dos serviços prestados.

O Instituto é também a autoridade competente no plano da qualidade da água para consumo humano junto de todas as entidades gestoras.

No debate de hoje, organizado pela Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, o investigador-coordenador João Baú chamou a atenção para a necessidade de reforçar o controlo da qualidade da água, sobretudo em situação de seca, mas manifestou dúvidas sobre a capacidade para o executar.

“Tenho dúvidas de que o Instituto da Água tenha capacidade a nível de recursos humanos, financeiros e analíticos de fazer este controlo e avisar em tempo oportuno as entidades gestoras”, considerou.

Fonte: Agroportal

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