Adega Cooperativa Viana do Castelo Exige Indemnização de 1,25 ME à Comissão

A Adega Cooperativa de Viana do Castelo vai processar a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), exigindo-lhe uma indemnização de cerca de 1,25 milhões de euros, disse ontem à Lusa fonte ligada ao processo.

Segundo Bettencourt Lopes, presidente da Adega Cooperativa de Viana do Castelo, em causa estão os prejuízos resultantes da queixa que a CVRVV apresentou em 2002 no Ministério Público contra aquela adega, por alegadamente ter detectado a existência de corantes orgânicos sintéticos nos seus vinhos.

Na altura, a CVRVV apreendeu 52.730 litros de vinho, enquanto a adega de Viana do Castelo, bem como um adegueiro e um enólogo que nela trabalhavam, foram acusados formalmente da prática de um crime contra a genuinidade, qualidade ou composição de géneros alimentícios e aditivos alimentares.

O Tribunal Judicial de Viana do Castelo, por sentença datada de 12 de Julho de 2005 a que a Lusa ontem teve acesso, absolveu os arguidos, que agora se preparam para avançar com uma acção cível para serem ressarcidos dos prejuízos resultantes de toda esta situação.

“Até 2002, a adega estava numa situação financeira relativamente equilibrada, mais ou menos estável, mas este processo significou uma forte machadada na nossa estrutura e conduziu-nos à actual situação de falência técnica, com dívidas que ultrapassam o milhão de euros”, referiu Bettencourt Lopes.

Este responsável garantiu que em 2002 a adega vendia mais de 2.000 pipas (500 litros cada), mas ontem, na sequência das “falsas notícias” dando conta da existência de “corantes” no vinho, as vendas ficam-se entre as 200 e as 300 pipas.

“Não temos dinheiro para pagar aos sócios, e eles não entregam aqui as uvas, gerando-se aqui um ciclo vicioso que deixa a adega numa situação terrível”, acrescentou.

A Adega de Viana do Castelo produziu em 2001 cerca de 1.400 pipas de vinho, um número que, este ano, não deverá ultrapassar as 120 pipas.

“A CVRVV é a grande responsável por esta situação e vai ter que pagar por isso”, sublinhou Bettencourt Lopes, garantindo que se o tribunal deferir a indemnização de 1,25 milhões a adega de Viana do Castelo, fundada em 1964 e actualmente com cerca de 400 sócios, ainda terá “alguma hipótese de sobrevivência” e de relançar a sua actividade.

O início do diferendo remonta a 25 de Julho de 2002, quando a Adega Cooperativa de Viana do Castelo apresentou na CVRVV uma requisição dos selos de garantia para a certificação de um lote de 52.730 litros de vinho tinto, acompanhada de uma amostra composta por três garrafas.

A CVRVV analisou o vinho no seu laboratório e concluiu que ele continha corantes orgânicos sintéticos.

A adega não se conformou e pediu análises a três organismos independentes, entre os quais o Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge, tendo todos dado resultados negativos, ou seja, não foram detectados os referidos corantes.

“Cheguei até a propor que fossem mandadas amostras para análise num laboratório em Nova Iorque que é uma referência mundial, mas a CVRVV não aceitou e manteve a queixa”, criticou Bettencourt Lopes.

Disse ainda não ter dúvidas que a intenção da CVRVV foi atacá-lo, “por ser uma voz incómoda” dentro da comissão e por até se ter falado que ele se poderia candidatar à presidência do organismo.

Além disso, Bettencourt Lopes não dissociou esta queixa do facto de a CVRVV “ser sócia e/ou ter interesses” na Adega Cooperativa de Ponte da Barca, naturalmente concorrente da de Viana do Castelo.

A agência Lusa contactou a CVRVV, mas ninguém quis comentar o assunto, alegando que essa é uma competência do presidente do organismo, Manuel Pinheiro, e que este se encontra de férias.

Fonte: Lusa

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